Acervo Histórico do Livro Escolar - AHLE

O ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR é formado pelo conjunto de livros escolares das antigas bibliotecas públicas infantis da cidade de São Paulo.

Com 5 mil volumes, o Acervo é composto por cartilhas, manuais escolares de todas as matérias de ensino, antologias literárias e livros de referência de uso escolar, entre outros, do século XIX até a década de 1980 e abrange os cursos primários, os secundários, os de formação de professor e o ensino técnico.
O Acervo está localizado na Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato, equipamento da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Neste blog serão publicadas informações sobre esse acervo.


Seja bem-vindo.







segunda-feira, 28 de novembro de 2016

PRÁTICAS DE LEITURA DE TEXTOS LITERÁRIOS NO LIVRO DIDÁTICO



Faço aqui algumas especulações sobre a escola como um dos espaços de formação de leitores. Afinal, ler é um hábito que se forma e é na família, que na maioria das vezes, isso acontece pela aproximação com livros, revistas, gibis, jornais e com adultos que lêem para si e para a criança. Claro que atualmente o texto escrito está também em computadores, celulares, e-books etc. e tal, mas isso não anula a formação do hábito da leitura.

Essa iniciação, que nem todos têm junto à família, envolve ainda mais  o papel da escola na formação da criança leitora e com isso, a utilização do livro didático como uma dos instrumentos para essa   formação.

Desde os livros de primeiras leituras com textos literários infantis,  até as antologias literárias, o livro didático foi e ainda é um material indispensável para abordar textos de literatura e aproximar alunos e alunas com autores mais consagrados, clássicos, contemporâneos e populares. (1)
(1944)

Algumas ideias podem contribuir para essa prática. Por exemplo, conhecer uma biblioteca, mas demoradamente, deixando a criança se aproximar dos livros; incentivar a ‘contação’ de histórias; propor a “hora da leitura”; proporcionar encontros com autores; respeitar  a iniciativa do estudante; transitar por vários gêneros desde a poesia, a crônica, o conto, o romance ou textos opinativos e principalmente,  não impor textos sem conexão com alguma questão de contexto. Mesmo autores de séculos passados têm vínculo com temas que são universais e atemporais. Esse é um dos mais importantes predicados das artes em geral e da literatura em particular.
(1962)

Alguns entraves que podem dificultar a prática da leitura literária na escola: a opinião sedimentada de que o aluno ou aluna não gostam de ler ou mais, “as novas gerações não lêem”; falta de material ou de um ambiente propício; bibliotecas pouco convidativas e também o fato de que nem sempre o professor é um leitor.

Bem toda essa especulação sobre leitura literária e livro didático teve o propósito de trazer alguns livros de leitura na escola de tempos atrás, livros que o ACERVO HISTORICO DO LIVRO ESCOLAR – AHLE mantém em seu acervo.
Afinal não é com a história que apreendemos melhor os tempos atuais? Ou que ao menos nos provoca uma atitude reflexiva e a compreensão da construção de práticas pedagógicas? Ora, estudos comparativos, de métodos, contrastes entre textos e períodos históricos são perspectivas de pesquisa que estimulam novas abordagens. E muitas vezes, não tão novas assim.


Notas:


(1) Uma dissertação de mestrado que aborda essas questões e traz uma bibliografia significativa: Feitosa, Márcia Soares Araujo. Prática docente e leitura de textos literários no Fundamental II: uma incursão pelo programa Hora da Leitura. Mestrado, Faculdade de Educação da USP, 2008. Acessado em 28/11 http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

NOVO MANUAL DE LINGUA PORTUGUEZA (1916)




 Novo Manual de Lingua Portugueza (grafia reproduzida na forma literal do livro) é um desses títulos que chama a atenção pela autoria: “por uma reunião de professores”, pela indicação do método: “grammatica pouca, exercícios muitos” e claro, pela antiguidade.
Esse exemplar é de 1916, como "nova" edição, o que nos permite avaliá-lo como mais antigo ainda. Seu conteúdo trata da gramática, da lexicologia, da analyse (gramatical) e da composição, segundo explicações da capa.
Editado pela Livraria Francisco Alves & Cia., editora também de livros didáticos, pertence à coleção F. T. D. Essa sigla é em homenagem à Frere Theophane Durand, do Instituto Marista, ordem religiosa de origem francesa. A FTD tornou-se uma editora no Brasil, ainda atuante. 
O livro em questão faz parte dessa coleção didática que os Irmãos Maristas produziram na época, além de obras para o ensino religioso e é voltado para os cursos secundários.
A respeito dos cursos secundários, cabe esclarecer que "no período da Primeira República (1889-1930), para o ensino secundário, a União tinha como responsabilidade manter o Colégio Pedro II, e os Estados, apenas um ginásio-modelo nas suas capitais. Esses ginásios se submetiam às diretrizes curriculares daquele. Boa parte das escolas secundárias, então, eram mantidas pela iniciativa privada." (1) 
Uma das lições do livro
Sobre esse Novo Manual..., sua divisão, a didática usada  e a apresentação de conteúdos fazem dele um  exemplar de pesquisa sobre o ensino da Língua e também sobre a sua história. O fato de ser produzido por professores é um indicativo precioso de como era ou ao menos de pensava, em sala de aula, a instrução da língua para o curso secundário na época.
Tanto como exemplar de recuperação histórica, quanto de análise comparativa, este livro pertence àqueles que são raros e merecem ser conhecidos pelas informações que traz.
Outros livros de Gramática ou de Língua Portuguesa são resguardados pelo AHLE, como  também livros escolares para o ensino secundário. O histórico desse grau de ensino é sintomático como parâmetro para avaliarmos o interesse despertado por esses cursos nos dias atuais.

Notas:

(1) Verificar: LOPES Silvana Fernandes. A Educação Escolar na Primeira república: a perspectiva de Lima Barreto. Acesso: http://www.histedbr.fe.unicamp.br/